Está nos jornais de hoje: 20 anos depois, os "cavalos corredores", reus no processo da chacina de Acari, vão finalmente a julgamento.
Vera de Acari, amiga querida, mãe guerreira, que perdeu a saúde e o muito pouco que tinha em busca do corpo da filha Cristiane, não está mais entre nos, para ver esse pouquinho de justiça sendo feita.
Durante muitos anos estivemos juntas, lado a lado, irmãs na dor maior que é a de perder um filho. Eu vi alguma justiça ser feita. Justiça capenga, mas a que era possível: Vera não viu nenhuma!Ela teve a filha, Cristiane, assassinada junto com outros jovens da comunidade de Acari, e lutou como lutou Antígona, pelo direito de enterrar seu corpo.
Ninguém que não tenha convivido com Vera poderá supor de quanta garra e de quanta força essa mulher foi capaz. Pobre, doente, vivia em romaria, cobrando investigação. Chegou a cavar, com as próprias mãos, cemitérios clandestinos, quando as autoridades se recusaram a fazê-lo.
Formava, junto com as mães dos outros jovens assassinados na mesma ocasião, o grupo que ficou conhecido como Mães de Acari.Lembro uma das vezes que vieram jantar aqui em casa, e me contavam, desesperadas, sobre a última descoberta da polícia: um sítio onde seus filhos teriam sido atirados aos leões criados ali, de modo a que nada restasse das vítimas
Vera se fazia querida onde chegasse. Sábia, generosa, solidária, conquistava a todos com sua fala emocionada e inteligente.
Será inesquecivel não só para quem compartilhou de sua luta, mas com certeza para todos os Ministros da Justiça que, ao longo desses anos, ocuparam o cargo e a receberam muitas vezes em seu gabinete.
Morreu carente de tudo, sem nenhuma assistência do Estado que tanto lhe devia. Ela não lutou por pensões, não lutou por mais nada: só queria enterrar sua filha! e não conseguiu! CLIQUE AQUI para ler a notícia
Comentário super-necessário este seu Glória.
Os detalhes são aterrorizantes, mas é preciso
divulgá-los para que, cada vez mais, a sociedade
brasileira se conscientize dos sérios problemas da
nossa esfera judiciária e tente de alguma forma
agir sobre tais problemas.
Uma guerreira mesmo e Brasileira.Aqui tudo é complicado e demorado. Infelizmente!
Nossa que triste!!!
Os principais indícios obtidos pela polícia têm origem no relato de uma testemunha entrevistada pelo telejornal Aqui Agora, do SBT, e até agora mantida no anonimato. O depoimento conta detalhes da morte dos quatro PMs e, no dia seguinte, dos 21 inocentes. É uma seqüência lógica e indica que os policiais foram à favela para extorquir os traficantes. Estacionaram o automóvel na Praça Catolé da Rocha e foram até a boca de drogas da favela. Dinheiro no bolso, fizeram o caminho de volta para o carro. O cerco dos traficantes estava armado. Sob a liderança de Flávio Pires da Silva, de 23 anos, conhecido como “Flávio Negão”, o chefe do tráfico que acusa a corporação de ter matado seu irmão em 1992, começou o tiroteio. O sargento Aílton Ferreira dos Santos morreu com um tiro na nuca. O soldado José Santana, com um tiro na cabeça. O soldado Luis Mendonça foi alvejado no olho direito. O cabo Irapuan Caetano, o único que já havia embarcado na viatura, recebeu um disparo na testa e outro no olho.
Oi Glória querida! Nossa, dá pra ver no olhar dessa mulher, quanta tristeza carregava. Tenho certeza que Deus há de fazer justiça. Um beijo.