Barriga de Aluguel- a saga

Barriga de aluguelBarriga de Aluguel nasceu em 1984, numa sala de espera. Casualmente li um artigo médico falando sobre a possibilidade de  se dividir a gestação entre a doadora do óvulo e a doadora do útero.

Me impressionou! era o avanço da genética introduzindo um drama novo no cotidiano da humanidade. Um conflito que teria de ser vivido sem nenhuma referencia vinda das gerações anteriores.

Sim, até então, desde que o mundo foi mundo, a maternidade não figurava em nenhum código: era uma evidência. Mãe era a que carregava a barriga e vivia o parto. A partir de agora, tudo mudava: como seria ser mãe sem vivenciar a barriga e  o parto? e como seria não ser mãe vivenciando a barriga e o parto?

Fui a São Paulo conversar com o especialista em inseminação artificial mais conhecido na época: o dr Nakamura, responsável pelo primeiro bebê de proveta no Brasil. Uma curiosidade: Roger Abdelmassih trabalhava com ele.

A maior surpresa foi ouvir do dr Nakamura que barriga de aluguel não era só uma possibilidade: estava sendo feita em muitos lugares do mundo, ainda de modo clandestino, inclusive ali, no consultório dele! e me mostrou todo o processo. Com a condição, claro, de que não falasse sobre os detalhes nem sobre as pacientes que vi -se fizesse ele desmentiria e quem acreditaria que fosse verdade?

Saí de lá direto para escrever a sinopse. E quem disse que consegui convencer alguém que aquilo era possível?

Entregue em 1984, Barriga de Aluguel ficou  6 anos na gaveta, tida como ficção científica, excesso de fantasia.

A coisa azedou de tal jeito que acabei indo para a Manchete, a convite do Wilker, para fazer Barriga de Aluguel lá. Não liberaram a sinopse. E assim nasceu Carmem.

De volta à Globo, só em 1990 consegui emplacar a novela.

Essa teve história!

One Response to Barriga de Aluguel- a saga

  1. Alex Spinola agosto 3, 2015 at 9:24 pm #

    E que saga! Me lembro de discussões acaloradas em casa, nas vizinhanças sobre quem deveria ficar com o bebê. Ora se torcia por Ana, ora por Clara, dividia a gente mesmo. Mas tarde li uma entrevista sua, dizendo sobre a construção dessa dualidade. Genial. A tentativa de controle de Ana sobre a vida de Clara me irritava, mas quando ela se atava em roupas para esconder a barriga do pai e dos demais personagens que não sabiam o que ela havia feito, me dava uma raiva danada dela, rs

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