A Roda dos Expostos

A primeira data do século XVIII, na Bahia. E aí está uma ilustração que mostra bem seu funcionamento. Elas estavam em conventos, hospitais e casas de Misericórdia, e foram criadas em razão da grande quantidade de abandono de crianças, por esses tempos.O recem nascido era posto nessa portinhola, que girava para dentro, e quem  o tivesse depositado ali puxava uma cordinha que fazia tocar um sino, avisando à instituição que uma criança havia sido deixada.

A Santa Casa registrava, em livro, o dia e a hora que a criança havia sido recolhida, e anexava, à essas notas,  bilhetes ou informações deixada pelas mães, que poderiam facilitar, mais tarde, a identificação de sua origem.

Faz tempo que a roda dos expostos foi extinta. Mas ultimamente, vendo a quantidade de crianças abandonadas em lixeiras e ruas, eu me pergunto: não seria mais humano que elas voltassem a existir?

 

18 Responses to A Roda dos Expostos

  1. Suélia maio 1, 2011 at 9:35 pm #

    Antes mesmo de terminar de ler este texto, estava me fazendo exatamente a pergunta que tem no final dele. Acredito que seria menos agressivo uma “roda” dessas do que ter imagens absurdas das mais variadas formas covardes de abandono de crianças expostas na TV.

  2. Luana maio 1, 2011 at 9:39 pm #

    Hoje em dia existe a VIJ (Vara da Infância e Juventude). Penso que a mídia deveria informar à população sobre a doação de crianças para adoção. Hoje no Fantástico foi falado a respeito e seria interessante continuar a falar, a instruir o povo.
    Há tantas pessoas na fila de adoção e é tão triste ver crianças expostas aos perigos do abandono. Já vimos que muitas morrem. isto é uma monstruosidade! Acho um horror abandonar os animais que dirá um ser humano!
    Se as pessoas soubessem o comprometimento espiritual que elas estão adquirindo quando agem desta forma tão desumana não ousariam pensar em fazer tanta maldade. Um dia terão que reposnder pelos maus atos. A justiça terrena é falível, mas a Providência Divina não. Só assim sinto conforto ao ver tanta maldade neste mundo, pois acredito que um dia cada um será responsabilizado por seus atos. Mas o que pudermos fazer para minimizar o sofrimento alheio devemos fazer. Somos todos irmãos, mas ainda não agimos de forma fraterna. Falta respeito no mundo. Uma pena.

  3. patrycia maio 1, 2011 at 9:44 pm #

    Dolorosa a sua pergunta, dirigida ao egoísmo de todos nós. Como sempre nos alertaram os nossos amigos espirituais, fora da caridade não há salvação.

  4. Polyana Marques maio 1, 2011 at 9:51 pm #

    Concordo plenamente, Gloria. Não é crime entregar o filho para a adoção. Só que a maioria das mulheres que não pretendem criar seus filhos tem vergonha de serem apontadas nas ruas porque não quiseram o filho. Aqui no estado do Rio tem uma campanha que eu descobri por acaso em uma visita ao fórum. o nome é: “FAVOR NÃO JOGAR SEU FILHO NO LIXO. DAR EM ADOÇÃO É SUBLIME ATO DE AMOR”. Pessoas adultas são responsáveis pelo que fazem, mas nem sempre o governo oferece o remédio anticoncepcional. E o pior, para fazer a Ligadura de trompas(laqueadura tubária) pelo SUS é preciso ter 2 filhos vivos e esperar em uma fila enorme. Se a mulher perdeu um filho ela tem que fazer outro para poder operar pelo SUS. Não dá para acreditar, né? Seria muito mais fácil fazerem essa cirurgia, impediria esse círculo vicioso de miséria. Pobreza não justifica, mas é a maior causa.

  5. cristiane maio 2, 2011 at 7:15 am #

    O governo coloca a disposicao nos postos de saude,pilula e camisinha,acho que falta vontade de prevenir uma gravidez ,uma DST.Infelizmente vemos cenas chocantes por falta de vergonha na cara dessas mulheres/homens,eles tambem sao uns monstros,filho e um presente de Deus e nao um objeto.

  6. Luciana Palmeiro maio 2, 2011 at 12:48 pm #

    Primeira vez aqui Gloria, adorei o espaço…vou virar assidua….
    Pois e…minha bisavó é oriunda de uma roda dos expostos….e estamos aqui, todos os seus descendentes gratos a esse instrumento. Triste demais ver o qto a vida humana esta reduzida a nada, a lixo…e pela proprias genitoras…ou por falta de orientaçao, falta de bom senso, falta de sanidade e falta de amor, respeito, minimos.

  7. Heliomar Melo maio 2, 2011 at 4:53 pm #

    Tempos atras, uma amiga desesperada me perguntou o que deveria fazer. Estava gravida e nao sabia se abortava ou nao. Ela insistia em minha opiniao. Eu disse a ela o que sempre ouvi: Nunca ouvi uma mae dizer que arrependeu de ter tido um filho. (exceto o caso dessas mulheres que abandonaram seus filhos)

    A depressao pos parto ‘e muito comum. Aliada a pobreza… A falta de apoio… E todos os problemas socias… isso so agrava a situacao. Nao estou diminuindo a culpa dessas maes.///

    Sim, Gloria, acho que a roda seria muito mais humana e digna a essas mulheres.

    Grande abraco Gloria!!!

  8. Júnnyor Grigolo maio 3, 2011 at 12:09 am #

    Faço de suas palavras as minhas, e digo mais, creio eu que deveria ter um planejamento familiar, uma espécie de programa, de acompanhamento das famílias brasileiras, planejamento esse, que orientasse a população a se prevenir mais para evitar esses casos de abandono enfim, se não quer seu filho, doe para alguém, é triste ver na tv quase todos os dias os casos lamentáveis de mulheres que simplesmente jogam na primeira lata de lixo seu bebê, bebê esse que por sinal, é um pedaço seu, seu sangue, um “serzinho”, que nem sabe se defender, eu sou desenhista e escritor e atualmente estou produzindo uma animação que aborda esse tema, de abandono de incapaz, estou há um ano procurando materiais e noticiários para me informar mais sobre esse assunto e a cada notícia que recebo através de amigos ou leio nos jornais, ou vejo pela tv, fico chocado com tamanho desprezo por parte dessas mulheres, e com a frieza na qual elas abandonam esses inocentes. Infelizmente a lei no nosso país ainda é muito porca, pois coloca na rua os criminosos depois de alguns 2 ou 3 anos, as vezes 1 ano, ou alguns meses, dias, é uma vergonha, se fosse nos EUA, a história seria outra, pois lá se seu filho de 12 ou 15 anos matou alguém, ou se sua filha engravidou e abandonou o seu bebê, é cadeia, e eu admiro a justiça americana, pois se teve a capacidade de matar alguém ou abandonar, enfim, desculpa, mas não é mais criança. Desculpe por desfocar um pouco do assunto, é que as vezes me revolto com tamanhas injustiças que ocorre no nosso Brasil. Abraço Glória, admiro muito você, como profissional, mulher e grande guerreira! Estamos junto com você sempre!

  9. Patricia maio 3, 2011 at 12:44 pm #

    Concordo muito com a Heliomar…há dois lados nessa história: o da mulher, desesperada, despreparada, muitas vezes com depressão pós-parto (porque pobre também tem). Não é só sem vergonhice, sei que o ato do abandono é horrrível, que o certo é dar para adoção; mas algumas no momento do desespero não devem ver nenhuma outra solução, sem saber sequer que não irá ficar completamente abandonada e poderá ficar com seu filho, ou que poderá “doar para adoção. ” Antes eu já condenava logo, dizia que eram umas monstras, mas não estou no lugar delas. “A roda” foi uma boa lembrança. Tem um nome forte, até triste, mas parece ser uma solução muito melhor, porque muitas mães preferem abandonar o filho do que se exporem a qualquer um que seja entregando-o para adoção. E quem sabe depois que vem a consciência, ela se arrepende horrivelmente do que fez. A roda tinha até a identificação da mãe que quisesse o filho de volta em caso de arrependimento, o que hoje precisaria de uma séria avaliação psicológica para devolvê-lo. Sinto-me extremamente mal por esses fatos, de forma alguma estou defendendo essas mulheres, mas nosso sistema também tem uma grande parcela de culpa, e diante da repetição dos fatos diz que tem como acolher. Está tudo muito errado. Começa na proibição de oferecer métodos contraceptivos ( o governador do RJ uma vez iria fazê-lo e a Igreja católica interferiu), oras, eles preferem essa miséria humana em TODOS os sentidos? E o que a Igreja tem que opinar na política?
    Enfim, há uma sequência de erros. E mais: cada uma dessas crianças tem pai. Que as mães ao “entregá-los” digam quem são, hoje existe DNA de graça.
    Enfim, e a imprensa parece criar mais e mais repetições do fato ao alardear tanto isso. Porque o Brasil é um povo “do contra.” Ouvem falar o errado e é isso que acham bonito imitar. Esses dias estava ouvindo falar de uma droga pior que o crack e os repórteres a consideravam tão poderosa, e tal, que os já dependentes e os futuros provavelmente vão procurá-la. Informar é uma coisa, “dar poder” a isso em nome do jornalismo “espetáculo” é outra completamente diferente.
    Muito a que se pensar nesse caso da mãe que abandona e em vários outros.

  10. Odele Souza maio 3, 2011 at 6:08 pm #

    Jogar um filho no lixo.

    É assustador ver a que ponto chega a miséria humana.

    Beijos querida Gloria.

  11. Felipe Dias maio 5, 2011 at 2:15 am #

    Olá, Glória!
    Não vou criticar a mãe que queira entregar seu filho para terceiros. Cada um sabe o que é melhor para si, mesmo que depois venha a se arrepender.
    Mas jogar crianças em caçambas de lixo, em rios etc, é inconcebível. A meu ver, quando esse tipo de mulher (que me recuso a chamar de mãe) é presa, a primeira providência a ser tomada deveria ser a retirada de útero, ovários, tudo. Para quê deixar essas infelizes aptas a darem à luz outros filhos, mesmo que no futuro venham a querer cuidar de suas proles?
    O problema é que, caso isso acontecesse, na mesma hora apareceria um grupo de “direitos humanos” para reclamar. É, tem horas que esse papo de direitos humanos dá no saco. Ainda mais quando cismam em reinvidicar tais direitos para quem há muito deixou de ser humano.
    Enfim… Sabe-se lá onde isso vai parar!
    Abraços,
    Felipe Dias

  12. Joao Batista Santos maio 5, 2011 at 5:02 pm #

    Boa noite, Gloria!!!!

    Existem pessoas que não tiveram acesso ao básico do básico. Sem noção de dignidade e respeito, vivem nos sinais, cheirando cola… Que valores essa gente pode repassar para os seus herdeiros, senão revolta e a frustração??

    Enquanto isso vivemos trancafiados e com medo de sermos asaltados por essa escória, que pasmen, já estão na quarta geração…
    Seria tão fácil consertar esse abandono de décadas. Bastava atrai-los para nós, através da educação, dignidade e responsabilidade.

    A presidente Dilma deveria se inspirar no “serviço militar obrigátorio” e criar o “Serviço Social Obrigatório.” Penso que só assim, os adolescentes despertariam para a arte da convivência e teriam noção de seus deveres e direitos.
    Todas as meninas de 15 anos, seriam obrigadas a frequentar creches e orfanatos, onde aprenderiam, entre trocas de fraldas e noites em claro, o quão é difícil ser mãe.
    BjOs

  13. Patricia maio 7, 2011 at 5:22 am #

    Oi Gloria,
    Tbem sou a favor.

    Aqui na Alemanha existe nas cidades grandes isso, se chama “Babyklappe”, pode pesquisar na net.
    a traducao seria “Porta-bebê” e funciona exatamente como essa aí da foto acima.
    E olha que aqui o aborto é legalizado, mas mesmo assim acontece da pessoa preferir ter o bebê a abortar e depois o coloca na babyklappe de forma anônima.

  14. Fabiano Figueiredo maio 7, 2011 at 8:07 am #

    Pelo que vemos recentemente na TV de casos horríveis de bebês sendo jogados no lixo, a Roda dos Expostos não parece tão desumana assim.

  15. Danielle Faria maio 10, 2011 at 9:26 am #

    Coincidência Glória! Dias atrás lia reportagem sobre o abandono de bebês e logo meu pensamentos estavam no século XVIII. Nas cenas de filmes famosos em que a “Roda dos Expostos” é mostrada. Pensava: – “É mais humano! Tínhamos saídas mais eficazes para o abandono de bebês na idade média!”
    Adorei o seu texto! Ele é provocante e incita a reflexão. Afinal, como está a política que prioriza as ações da Atenção Básica em Saúde? Já que os instrumentos que temos em mãos parecem insuficientes e ineficazes – pois basta enxergar o número de bebês que são abandonados todos os dias – pensemos na “Roda Dos Expostos” como redução de danos. Lamentável retroceder mais lamentável ainda é assistir o abandono em lixeiras lagoas, lotes vagos…

    Parabéns pela postagem!
    Abraços, Danielle.

  16. kissima Garcia julho 11, 2011 at 9:45 pm #

    Diante da realidade das crianças serem tratadas como lixo nas ruas ,jogadas a propria sorte como um pedaço de nada, seria bem mais justo tal solução mas a hipocrisia de nossa sociedade,o falso moralismo e os direito humanos,os defensores inexpressivos dos direitos das crianças e adolescentes diriam não a essa prática, o que não entendem e que esses monstros que abandonam esses bebes nas ruas,não querem aparecer com ficha em porta de hospital, querem o frio anonimato pra não serem incomodadas ou (os) anos mais tardes com essas pessoas. É óbvio que deve existir inumeros casos excpcionais como mães dominadas pelo mundo cruel e bizarro do crack, mulheres assoladas pela extrema pobreza, miséria e violência, porém e o direito daquele que já existe agora nascido, existindo no mundo fisico,quem esta ao seu lado ?. Entre ver essas cenas chocantes nos jornais nosso de cada dia, de seres humanos “filhotes” sem vida em latas de lixo,se faz melhor no anonimato vidas sendo salvas com uma lei nova, para doar bebes em hospitais,ou a adoção dessa pratica da roda dos expostos .

  17. Marize Pinheiro dezembro 14, 2014 at 8:18 am #

    Olá Glória, bom dia!
    Muito pertinente sua pergunta.
    Em recente pesquisa monográfica, li num site que a “Roda” ainda existe nos dias atuais, mas em outro formato. E pasme: não foi instituída em países subdesenvolvidos, mas na Suíça, com o nome de “Janela para bebês”.
    A primeira foi implantada em 2001, e até o ano de 2012, oito crianças já tinham sido deixadas na janela. Mais três foram implantadas, em Davos, Berna e Olten, e outras três estão em fase de implantação.
    Concordo como sendo uma solução melhor do que as que temos visto nos noticiários.
    Que Deus abençoe essas crianças abandonadas.
    Abraços.

  18. Devanir dezembro 14, 2016 at 7:42 pm #

    Hoje muitas pessoas querem adotar mais as dificuldades são muitas. não em virtude de uma segurança ao adotado e sim em virtude da ganancia, pois todos querem ganhar algum trocado dando apoio, guarda, até que a sentença saia para o real interessado

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