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Um show de manipulação!

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Essa capacidade de enrolar o outro, observada na vida real,  tem sido material para a criação dos psicopatas da ficção: Dexter, Hannibal, Norman Bates (de Psicose), e tantos outros. Todos eles perfeitamente encaixados no mundo social, e tidos como acima de qualquer suspeita.

Você sabia que Chico Estrela, o maníaco do parque, era um simpático instrutor de patins? muito querido pelas crianças? pois é…

Gilmar Rodrigues , autor do livro Loucas de Amor, conta a história que ouviu do delegado que o prendeu. É um exemplo perfeito do poder de manipulação de um psicopata:

Pouco dias depois de ser preso, uma vítima sobrevivente dos ataques de Francisco pediu para vê-lo. Karina conheceu Chico Estrela no Parque do Ibirapuera, onde ambos patinavam. Convidada a ir a um  “suposto novo ringue de patinação”, no Parque do Estado, foi atacada, mas conseguiu fugir. Ela queria cobrar explicações sobre  que havia lhe acontecido.

O delegado Sergio Alves consultou o preso pra ver se ele concordava em vê-la. Chico fumava um cigarro. Sua expressão era de uma indiferença superior, arrogante, nem se importava com um grupo de pessoas que, fora do prédio, gritava “lincha”, “lincha”, “mata”! Ele concordou em ver a moça, pediu apenas para terminar de fumar.

Rodeada de policiais, para lhe garantir segurança, Karina entrou na cela. Nessa hora Chico apagou o cigarro e se voltou em direção a ela, mas não a encarou. Manteve os olhos fixos no chão, como se pesassem. Nesse momento, o delegado notou uma transformação surpreendente em Francisco. A postura arrogante cedera lugar à humildade. Era uma transformação física, até. De um homem forte e grande, ele parecia diminuir, encolher e se transformar numa criatura fraca e indefesa. Quando seus olhos levantaram e encararam sua vítima, ele tinha no rosto um olhar de abandono, de inocência. Karina olhou firme nos olhos dele:

-bonito o que você fez, hem Chico?!

-Nao, nao fui eu! não foi o Chico que você conhece!

Sem mostrar a menor hesitação, ele continuou no papel de vítima, dizendo que uma força incontrolável, independente da sua vontade, se apossava dele durante os crimes. Aquele corpo que estava ali, na frente dela, fora vítima de uma outra personalidade que o dominara -essa sim, maléfica e cruel.

Hábil em lidar com sentimentos e manipular pessoas, ele começou a esmorecer a indignação de Karina. Fragilizada emocionalmente e muito nervosa, a moça aos poucos passou do ódio à compaixão. Os olhos de sofrimento dele lhe causaram a impressão de que agora ele era um desgraçado que passaria o resto dos seus dias na cadeia. E ela sentiu pena. Não importava mais o que ele havia feito. Karina foi amolecendo, foi sendo tomada de sentimentos “bons”por ele.

O sedutor instintivo e quase irresistível a atacou e seduziu mais uma vez, queria agora o seu perdão. Os olhos de Karina se encheram de lágrimas. Ele também começou a chorar. E, aos prantos, os dois se abraçaram.

Em volta deles, os agentes observavam tudo de boca aberta!

(extraído do livro Loucas de Amor, de Gilmar Rodrigues)

 

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