Na galeria dos grandes detetives da literatura policial, o belga Hercule Poirot é um dos mais fascinantes.
Criado por Agatha Christie, Poirot é um homenzinho elegante, excêntrico, meticuloso, cheio de maneirismos que fazem com que, num primeiro momento, a policia dos locais para onde é chamado, ria dele e desacredite de sua capacidade.
A recíproca é verdadeira: Poirot sente profundo desprezo pelos métodos convencionais de investigação, e define seus colegas policiais como “cães de caça humanos”, a seguir pistas, pegadas, impressões digitais, vestígios. O “grande Poirot” precisa apenas de sua massa cinzenta para resolver um caso. E faz isso sentado em sua poltrona.
Ao contrário de Sherlock Holmes, que parte da observação do local do crime para fazer deduções, Poirot parte de seu profundo conhecimento da psicologia humana. Por isso, ao invés de correr atrás das provas cientificas, prefere conversas longas e informais com os envolvidos no caso.
A solução do crime ele revela de maneira sempre teatral e grandiosa: reunindo numa sala todos os suspeitos e envolvidos no caso, e em grandes viradas da narrativa, que nos faz suspeitar ora de um, ora de outro, vai desfiando toda a sua linha de raciocínio até a revelação final.
Agatha Christie o matou num livro que deveria (e só foi) publicado depois de sua morte: “Cai o Pano”.
E Hercule Poirot teve a honra de ser a única personagem da literatura a ganhar obituário na primeira página do New York Times.