Nos meus trabalhos, quando retrato um grupo, sempre pergunto a essas pessoas o que elas gostariam que os outros soubessem sobre elas. Foi assim com os dependentes químicos, os doentes mentais, os que tiveram o coração transplantado, as mães de desaparecidos, enfim… Foi assim agora também.
A Eilan, que tem o blog e um canal no youtube para compartilhar os problemas de ser border, respondeu assim:
Nossa! Essa é uma pergunta interessante. O que eu gostaria que as pessoas soubessem? Que a gente não faz as coisas que faz de propósito – quando temos crises de ciúme, quando manipulamos uma situação (sim, acontece…), quando temos crise de raiva… É como se o borderline fosse um óculos que usamos, sabe? Que faz com que não vejamos nenhuma outra alternativa a não ser chorar, gritar, se colocar como vítima da situação… Depois do tratamento, de tempo, conseguimos sim pensar um pouco mais logicamente, mas sem tratamento a vida se mostra sim nessas cores. Será que consegui me expressar bem?
Queria que soubessem que o border não gosta de ser sensível demais, de chorar uma hora e rir logo depois. Que não se corta pra chamar atenção. Que as cicatrizes são lembranças constantes de um descontrole momentâneo, mas que nos seguem para sempre (eu, por exemplo, terei que fazer um tratamento para tirar as marcas das minhas… a sorte é que crio gatos e que como as pessoas não estão familiarizadas com a auto mutilação, acham que eu estou só BEM arranhada por eles). Que o borderline é uma DOENÇA, que tem sim tratamento.