Apresentação da Sinopse

A sinopse foi escrita em 1995, e a novela estreou em 1996. Tinha como cenário a internet, então completamente desconhecida por aqui. Internet???? O tema provocou risos e ironias de muita gente boa: choveram notas e artigos classificando a rede na “ficção científica”. Aqui vai a página de apresentação da sinopse que tanta polêmica e tanta reação provocou! É engraçado lembrar que tudo isso foi chamado de delírio:
Nos trabalhos anteriores -BARRIGA DE ALUGUEL e DE CORPO E ALMA-falamos desse final de século e de como as inovações tecnológicas, ao mesmo tempo que criam recursos novos para a humanidade, criam também novas possibilidades de drama, de vivências e conflitos humanos sequer imaginados pelas gerações anteriores. Nessa novela, continuamos a abordar o mesmo universo: esses tumultuados últimos 5 anos do século e do milênio. E as dificuldades que temos todos nós para enfrentar cotidianamente a velocidade das transformações por que passa esse nosso mundo, sem que a nossa maneira de pensar e de sentir possam acompanhar a rapidez com que acontecem essas mudanças. Mas, se antes enfocamos o tema do ponto de vista das recentes e revolucionárias conquistas no campo da medicina e da genética, vamos agora abordá-lo do ponto de vista da informática. O assunto desperta interesse universal -interesse acadêmico, comercial, jornalístico e popular, porque é cada vez maior o número de pessoas que, no mundo inteiro, procuram conectar-se através das redes de computadores (vide o crescimento da Internet em todo o mundo -a rede é hoje o maior sucesso editorial norte americano- e a multiplicação das BBesses brasileiras}. E há de se tornar muito mais discutido a partir de maio, quando a Internet, finalmente, entra no Brasil, acontecimento que vem tendo, desde já, grande repercussão na imprensa. Naturalmente, não se trata de descer a minúcias tecnológicas, (não se pretende sequer abordar assuntos técnicos), mas unicamente de construir um drama onde a Internet, e os recursos dessa rede tenha papel decisivo no desenvolvimento e no desfecho das tramas. Portanto, nem de longe se pense que vamos abordar temas áridos ou ficar discorrendo sobre tecnologias: a rede dos computadores só será utilizada nessa história na medida em que tiver uma função dramatúrgica. O tema é novo, moderno, polêmico e, além disso, oferece grandes possibilidades dramáticas e folhetinescas, uma vez que se sabe que essas redes colocam em contacto pessoas de todos os cantos do universo, pessoas que jamais se encontrariam, seja pela distância geográfica, seja pela distância social, ou pela distância entre maneiras de viver. E elas conversam e se tornam íntimas ou se apaixonam atraves de uma tela, sem conhecer o rosto de quem está do outro lado. Um velho mito já abordado com sucesso por muitas obras da dramaturgia universal, esse de se apaixonar sem conhecer o rosto ganhando, nesse final de século, uma nova versão, propiciada pela revolução da informática. Outro aspecto a ser considerado, é esse acesso a informações sigilosas e importantes, que os computadores tonam possível: O noticiário tem sido farto em casos desse tipo, trazendo para as primeiras páginas o feito de pessoas que conseguem entrar em sistemas bancários e empresariais, e se tornarem detentoras de informações altamente confidenciais. O novo nisso tudo está, também, no fato de que esse poder de deter a informação anda, sobretudo, se concentrando nas mãos de um tipo social muito recente: os adolescentes que adoram computação e que se dedicam a invadir sistemas até sem ter na cabeça a idéia de cometer um ato criminoso, mas pelo simples prazer de enfrentar o desafio das máquinas. Essas transgressões são tão novas que ainda não estão reguladas por nenhuma legislaçao. E, de certa forma, são imprevisíveis, porque a cada dia um desses curiosos demonstra que é possível utilizar as máquinas para façanhas até então impensadas Deve-se registrar, também, as belíssimas possibilidades visuais do tema (as comerciais seriam redundantes), e a possibilidade de conquista de uma fatia do público que anda maravilhada com todas as inovações acontecidas no universo dos computadores. A revolução da informática: esse é o cenário. O pano de fundo. O palco onde vão se desenrolar os nossos velhos e sempre emocionantes conflitos humanos.

5 Responses to Apresentação da Sinopse

  1. Adriana agosto 3, 2011 at 3:39 pm #

    Olá Glória

    Agora entendo que mais que uma síntese da novela a sinópse apresenta as idéias e contextos da estória que se vai contar, e como isso vai cativar o público. Precisei da segunda sinópse.
    Mais uma vez
    Obrigada
    Adriana

  2. Charles dezembro 25, 2012 at 8:45 am #

    Glória!
    Queria que voce colocasse a disposição a sinopse completa de CAMINHO DAS INDIAS pois tenho muita curiosidade em lê-la não pense que quero copiar ou plágiar nada disso sou muito curioso no que diz respeito a arte de escrever e Caminho foi um marco com certeza amava sua abordagem a PSICOPATIA e a ESQUIZOFRENIA sou formado em técnico em enfermagem e administração e esses temas sempre me enchem os olhos se fosse possivel eu agradeceria muito.
    Abraços.

  3. Gonçalo Lopes janeiro 4, 2013 at 11:21 am #

    Exma. Sra. Glória Perez,

    Quero dar os parabéns pelos seus excelentes trabalhos, a primeira novela que me lembro realmente era explode coração, era criança, lembro me de brincar de Igor e Dara nas férias, foi a partir daqui que inconscientemente a minha paixão pela escrita começou. Actualmente lancei um site e um portal dedicado ao roteiro, apenas queria-lhe pedir se me dá honra de me conceder uma entrevista a ser publicada no meu site. Os aspirantes novatos só tem aprender com os roteiristas profissionais e aclamados.

    Com os melhores cumprimentos,
    Gonçalo Lopes

  4. Aliny janeiro 11, 2013 at 10:12 pm #

    Gloria assisti Explode Coração qdo era criança e é uma das minhas novelas favoritas de sua autoria(amo o Clone!), historia excelente…pena q a globo nunca reprisou.

  5. LUCIANO SILVA DE MEDEIROS abril 22, 2017 at 6:21 pm #

    Glória. Estou estudando sua carreira e sua biografia. Estou procurando compreender como nascem seus textos teledramatúrgicos, que são sempre muito originais e não possuem clichês. Vi que você começa nos anos 80 com Janete Clair, uma autora que lembra muito Clarice Lispector, ao transformar personagens sem muito glamour em grandes personagens. Depois disso, você escreveu novelas com Aguinaldo Silva. Fez novela na Manchete com Wilker: a Carmem, na qual há uma pesquisa clara sobre a umbanda e candomblé. Percebo que há uma pesquisa prévia, como numa etnografia, por assim dizer, para que você construa os núcleos, os personagens, os coadjuvantes. Vejo muita força nos seus coadjuvantes. Hoje estou com 42 anos. Sou Professor de Sociologia numa federal da Bahia. Gostaria muito de conhecer você pessoalmente e, quem sabe, fazer um doutorado sobre sua carreira. A ECA USP tem um centro de estudo de telenovelas. Sérgio Micelli foi um sociólogo que demonstrou que a televisão acompanha a identidade nacional, a qual está em construção. Suas novelas trazem temas do quotidiano

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